Nesta segunda feira, no caderno Folhateen, o Jornal Folha de São Paulo, maior veículo de comunicação impresso do Brasil, atacou de forma baixa e leviana o movimento estudantil brasileiro, as entidades que o dirigem e os grandes líderes estudantis do país. No caso, as entidades mencionadas foram a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES).
E eu, estudante secundarista, presidente do Grêmio Estudantil IFRS – Rio Grande e da União Rio–grandina dos Estudantes Secundaristas (URES), militante da UBES e de sua organização política majoritária, a União da Juventude Socialista (UJS), tive minha imagem estampada na capa do caderno Folhateen em uma foto do protesto realizado pela UBES na porta do Congresso Nacional em defesa dos 10% do PIB para a Educação e dos 50% do Fundo Social do Pré – Sal para a área.
Acho que é valido lembrar o que eu e centenas de outros estudantes estavamos fazendo em Brasília na semana do protesto na Câmara dos Deputados.
Nos dias 2 e 3 de maio, estudantes secundaristas de todo o Brasil estiveram reunidos na capital federal para o Seminário Nacional de Educação da UBES, encontro onde o movimento estudantil secundarista se reuniu para definir suas posições quanto ao Plano Nacional de Educação – PNE 2011/2020. Este documento irá definir as metas da educação no Brasil nos proximos 10 anos. O Governo Federal fez uma proposta que, para nós estudantes, está muito aquém aos desafios que a educação brasileira precisa superar no proximo periodo. Fincamos o pé na questão do financiamento, decretando insuficiente a proposta do Governo de atingir 7% do PIB para a educação até 2020 e colocando como bandeira de luta a elevação dessa meta para, no mínimo, 10% do PIB ao ensino brasileiro. Além disso, definimos que o Pré-Sal, essa imensa jazida de petróleo descoberta na costa brasileira (e, diga-se de passagem, este mesmo Pré-Sal foi o verdadeiro motivo da vinda de Obama ao Brasil), não pode ter o mesmo destino de outras riquezas naturais que este solo já nos serviu, como o Pau-Brasil, o ouro, a borracha e o café. Desta vez, esta dádiva que a natureza nos presenteou deve servir aos interesses do povo brasileiro. E não existe melhor maneira de servir ao povo brasileiro do que investindo em educação. Portanto, os 50 % do Fundo Social gerado com os recursos do Pré-Sal investidos em educação também viraram alvo da luta dos estudantes brasileiros.
E dentro da UBES, entidade que me representa nacionalmente, sempre tive direito a expressar meus posicionamentos, expor os problemas da educação da minha escola e da minha cidade, e até mesmo, tive a oportunidade de debater o fincanciamento do ensino brasileiro com o próprio comandante do MEC, Ministro Ferndando Haddad (O polaco de vermelho no canto da foto sou eu, e o engravatado no centro da mesa é o ministro).
O protesto na frente do Congresso ocorreu dia 4, após o Seminário da UBES, justamente pela Casa nos cassar pelas redondezas do prédio e não permitir a nossa entrada, visto que queriamos entregar as resoluções do Seminário e as propostas da UBES aos deputados e convencê-los a nos dar apoio. A foto da capa do Folhateen é do momento da manifestação em frente a Câmara, que resultou na vitória dos estudantes e nossa entrada na Câmara dos Deputados, onde fomos recebidos inclusive pelo Presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS).
A Folha de São Paulo não citou, em sua reportagem, o Seminário da UBES, nem nosso protesto, muito menos o porque desse protesto.
A Folha de São Paulo não cobriu o Seminário de Educação da UBES.
A Folha de São Paulo não cobriu nenhum dos últimos eventos, encontros e mobilizações da UNE, da UBES, da UPES ou de qualquer outra entidade estudantil brasileira.
Mas mesmo assim, a Folha de São Paulo acredita, fielmente, que tem condições de opinar sobre as lutas dos estudantes do Brasil e sobre as entidades que coordenam estes movimentos.
Mas mesmo assim, a reportagem da Folha de São Paulo apresenta opiniões que somente alguém que conhece a fundo a realidade do movimento estudantil teria embasamento suficiente para fazê-lo.
É por isso que em sua matéria, a Folha de São Paulo expõe, quase que na totalidade, inverdades.
Vamos então expor estas barbaridades e, uma a uma, colocando-as abaixo.
Primeira delas: O estudante brasileiro não se interessa pelas entidades.
Claro que se interessa! Olha eu aqui! No fim do mundo, quase no extremo sul do Brasil, participei de mobilizações e encontros com estudantes de todos os estados da federação, como o Encontro Nacional de Grêmios, que contou com centenas de dirigentes de Grêmios Estudantis do Brasil; Bienal de Arte e Cultura da UNE, mais de 10 mil estudantes; Seminário de Educação da UBES...
Se mais estudantes não participam do movimento estudantil, muito se deve ao esforço que a grande mídia brasileira faz justamente porque lutamos, muitas vezes, contra interesses que sustentam esta mesma grande mídia.
Segunda delas: Não temos autonomia e somos comandados por partidos políticos.
Mentira deslavada. No momento, não sou filiado a nenhum partido político, e mesmo assim a direção da UBES me escolheu para o debate com o Ministro. Se a Folha estivesse certa, com certeza o escolhido seria algum futuro candidato a vereador do partido da situação. Mas não foi, o escolhido foi eu, por ser dirigente de escola técnica e o debate com Haddad tratar, justamente, do novo programa de apoio ao ensino técnico do Governo Federal, o PRONATEC. Fui escolhido pelo que represento, e não pela minha carteira partidária.
Claro que existem estudantes filiados a partidos políticos dentro das entidades! Os partidos, na essência, defendem ideologias, e a característica de defender um ideário é natural na juventude. É saudável que a juventude entre na luta política, pois, se nós não o fizermos, quem o fará são aqueles que tem interesses contrários aos dos estudantes, da juventude e do trabalhador.
Dentro das entidades, existem jovens de todos os partidos, e também os sem partidos, contra partidos, galera do PT e do PSDB, do PCdoB e do DEM, anarquistas, trotskistas, zeens, góticos, punks, pagodeiros, hippies, agnósticos, cristãos, cardecistas, budistas... Gente de todos os tipos de ideologias, que representam a pluralidade da juventude, e que estão dentro das entidades estudantis, lutando pelos interesses comuns a todos os estudantes.
Terceira delas: Recebemos dinheiro do Governo Federal.
REALIZAMOS PARCERIAS com o Governo Federal. Lá no Grêmio Estudantil, quando a gente quer fazer um campeonato, churrasco, acampamento, como que a gente faz pra baratear os custos pra gurizada? Pede patrocínio. Todo mundo concorda? Acha normal? Então beleza.
A UNE, a UBES, fazem a mesma coisa! Só que os eventos dessas entidades são eventos nacionais, pra milhares de estudantes, pra vários dias. E o movimento é constante! Essas entidades realizam varias atividades durante o ano. Por isso precisam de muita grana, e não é qualquer padaria que patriocina os eventos do GE que vai bancar essas grandes atividades. A UNE e a UBES precisam de parceiros de grande porte e, quem topa financiar, normalmente, são empresas estatais ou o próprio Governo Federal. Mas a Folha de São Paulo, que sabe disso muito bem, subtrai toda essa informação, e só diz que recebemos dinheiro do governo pra passar a idéia de que somos comprados.
Também queria frizar alguns pequenos detalhes da reportagem. Ela diz que a meta de 10% do PIB e os 50% do Pré-Sal para a educação são “chatas”. O dia que lutar por dinheiro pela educação for chato, acaba tudo, o sonho acabou, vamos todos embora. Fala que os líderes atrasam sua formatura para tocar o movimento, como se isso fosse uma “coisa feia”. Como seria uma sociedae em que as pessoas abdicassem dos seus proprios interesses para lutar por um país melhor? Com certeza seria muito bom. Esses líderes merecem toda honra e todo respeito pela opção que fizeram.
E para encerrar, logo após a matéria sobre o movimento estudantil, vem uma reportagem especial sobre a juventude do deputado Jair Bolsonaro! O deputado que prega o maxismo, homofobia, racismo, que defende a ditadura que matou milhares, e que acredita que a melhor maneira de ensinar, é a porrada.
Daí já dá pra ter uma ideia do tipo de pensamento que a grande midia brasileira quer que nossa juventude defenda.
Enfim, todos estes fatos servem pra comprovar a teoria que apresentei no meu último post.
E sigo na luta! Defendendo a UNE, a UBES e o movimento estudantil brasileiro, que existe, é forte, e ajuda todos os dias a tornar este país, um lugar melhor.
Muito fodaa Fellipe, é isso mesmo, vamos continuar na Luta contra esses idiotas da "Grande Mídia" ( uma pinóia )
ResponderExcluirPoor : Raiza Ribeiro, a Diretora de Grêmios da União Rio-Grandina de Estudantes Secundaristas (URES) e presidente do GE Bibiano de Almeida - Rio Grande