Com o uso da internet e das redes sociais, em especial, o brasileiro busca cada vez uma característica na política: a transparência. Mesmo com mudanças não tão significativas em número, o impacto das mudanças que a tecnologia vem provocando é grande.
Paradoxalmente a isso, Porto Alegre, que já foi tão procurada pelo vanguardismo, caminha na contramão dessas mudanças. Alguns exemplos comprovam isso. Procuremos no site da prefeitura informações referente ao orçamento e nada. Procuremos um e-mail para entrar em contato com o prefeito, e nada. Também pudera: nesses primeiros dias de janeiro de 2012 temos no comando da nossa cidade dois prefeitos que não foram eleitos pelos porto-alegrenses.
O mais grave, porém, é que, enquanto o mundo busca transparência, Porto Alegre fica sob comando de um prefeito cujos predicados contrapõem-se à transparência e à prática da boa política.
O vereador Mauro Zacher assumiu o comando da Câmara de Vereadores, no dia 02 de janeiro, cobrando prestação de contas do Executivo municipal. Seria, sem dúvida, uma grande notícia essa, se não estivesse associada a um político que tem na sua trajetória marcas que são opostas à transparência e prestação de contas.
Mais recentemente, Zacher foi indiciado pela polícia federal em função de sua atuação no Projovem.
Curioso é o fato de que, o mesmo vereador que pede transparência nas contas do governo municipal, entrou na Justiça pedindo que o Google bloqueasse resultados de buscas pelo seu nome. “Danos a sua honra” – alegação base do pedido – provocam as ações do vereador, não a sua divulgação. Felizmente a justiça de Porto Alegre negou o pedido.
E por que Zacher pediu isso de fato? Pelas notícias de seu indiciamento pela polícia federal. Cerceando a liberdade de expressão – lembremos que manifestantes foram impedidos de presenciar a sua posse na presidência da Câmara – o prefeito interino de Porto Alegre e ex-titular da Secretaria Municipal da Juventude (SMJ) de Porto Alegre é um dos indiciados no inquérito que apura irregularidades no Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem).
O programa é destinado à qualificação profissional de jovens em todo o País, com recursos do Ministério do Trabalho. A verba fica sob responsabilidade da SMJ, que foi comandada por Zacher entre 2005 e 2007. Ora, desviar dinheiro que é destinado a cuidar não apenas do presente, mas do futuro da cidade de Porto Alegre é um absurdo. Hoje o Brasil vive um período em que a nossa pirâmide etária concentra uma ampla maioria de jovens, com mais de 50 milhões de jovens. Porém, se não os capacitarmos, teremos, em breve, uma pirâmide invertida, com adultos não preparados para o trabalho. O resultado todos sabem, basta ver as crises que muitos países enfrentam com o envelhecimento das suas populações.
Lembrando... Mauro Zacher é do PDT, mesmo partido de José Fortunati
Pois o que questionamos aqui é isso: qual a transparência que Zacher irá impor em sua gestão? Como avaliar e cobrar prestação de contas de um município, quando ele sequer soube prestar contas de sua gestão na SMJ? Porto Alegre merece ter um prefeito – mesmo que interino – indiciado pela polícia federal?
#poamerecemais
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