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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Manuela dispara contra Fortunati: “são 100 dias de promessas frustradas e clientelismo”


PCdoB avalia Prefeitura de PoA: 100 dias de promessas frustradas 

Seis meses depois de perder as eleições municipais em Porto Alegre, a deputada federal Manuela D´Ávila (PCdoB) reaparece na cena política da capital gaúcha. Pela primeira vez desde o resultado do último pleito, ela fez considerações públicas sobre o adversário e atual prefeito José Fortunati (PDT). Em coletiva realizada no diretório estadual do partido, Manuela disse que não se trata de uma novidade, mas de um prefeito que já governava a cidade antes da eleição e que, por essa razão, pode ser cobrado para além dos 100 dias de governo. “É um ciclo de oito anos que vem desde o governo José Fogaça (PMDB). O prefeito Fortunati representa o comando do Paço Municipal há dois anos, nove meses e 100 dias. Ele é prefeito desde 2010”, salientou repetidas vezes.
Ao lado do presidente do PCdoB gaúcho, Adalberto Frasson e dos vereadores da bancada comunista na Câmara Municipal, Jussara Cony e João Derly, a deputada apresentou um balanço do governo de Fortunati. “Os 100 primeiros dias do seu segundo governo têm a marca da frustração de suas promessas de campanha. Na montagem da administração a promessa da inovação foi substituída por uma tradicional troca clientelista de cargos”, acusou. Para ela “não há como honrar compromissos de cidade construídos em cima de uma maquiagem eleitoral” e com a fórmula de governar da velha política. “É uma gestão sem projeto e planejamento simbolizada por uma aliança ingovernável”, defendeu Manuela.
Na avaliação de Manuela, a realidade ‘vendida’ por José Fortunati, enquanto candidato à reeleição, foi de uma Porto Alegre que não existe. Por isso, ela entende que o prefeito tem dificuldades para conseguir governar o município hoje. “Quando o prefeito começa a fazer autoavaliação na imprensa e admite que nunca viveu um ciclo de vida pública tão intenso como estes 100 dias, significa reconhecer que suceder a ele próprio está mesmo muito tenso. Depois de dois anos e nove meses, com o rompimento do conduto da Álvaro Chavez — construído no governo Fogaça — e com aumento da passagem — depois de segurar o aumento em ano eleitoral –, fica comprovado que é realmente difícil atender as inúmeras trocas que fez no ano eleitoral”, argumentou.
Disposta a aproveitar os microfones da imprensa gaúcha para disparar contra a gestão municipal, Manuela D´Ávila não economizou críticas. Ela cobrou projetos concretos para cidade que por enquanto não passam de promessa de campanha, como o Centro Integrado de Comando (CEIC) e boa parte das obras preparatórias para a Copa do Mundo. “Eu posso dizer com certeza que a obras da Severo Dullius, da Terceira Perimetral e do Aeroporto Salgado Filho estão atrasadas. Tem vários projetos executivos em atraso. Este é o principal problema da Prefeitura”, falou.
O governo Fortunati alega que o atraso se deve ao déficit financeiro ocasionado pela falta de repasses dos recursos da Caixa Econômica Federal para as 14 obras relacionadas ao mundial em Porto Alegre. Dando credibilidade a esta versão, Manuela se colocou à disposição para buscar formalmente os dados oficiais junto ao banco, mas acusou falha de gestão e falta de articulação política para superar eventuais burocracias. “Desconheço estes entraves burocráticos. Mas a boa relação que ele diz que tem com a presidenta Dilma poderia facilitar. Eu despacho o dia todo recursos aos prefeitos do interior. E já me coloquei ao dispor do prefeito. Se existe este problema, deveria ter um empenho na articulação política porque o processo de começar e terminar estas obras tem que ser sério. O governo municipal tem inúmeras secretarias e 30 deputados na bancada gaúcha à sua disposição”, alegou.
O presidente do PCdoB, Adalberto Frasson alega que não foi instalado, até o momento, o Escritório de Porto Alegre em Brasília, anunciado pelo prefeito em janeiro. A bancada comunista no legislativo municipal atestou que a falta de diálogo é a principal marca da gestão de Fortunati. “É uma incapacidade de se comunicar dentro e fora do governo. Tanto na falta de transversalidade com as secretarias, quanto na relação com a democracia participativa. Tanto que já tivemos episódios na cidade demarcando isso nestes 100 dias”, justificou a vereadora Jussara Cony, referindo-se aos protestos relacionados aos cortes de árvores e contra o aumento das passagens.
Sobre a convocação da coletiva neste momento, Manuela D´Ávila alegou ser papel da oposição eleita pelo povo. Ao ser questionada sobre este papel estar sendo feito de forma ativa pelo PSOL, partido que o prefeito reconhece como autor de sucessivas pautas e ações críticas a sua gestão, a parlamentar disse que “quem elege quem é a oposição é o povo” e que a oposição está representada no bloco PCdoB, PT e PSOL. “É natural que o prefeito tente descaracterizar a sua verdadeira oposição. Nós temos que reconhecer a vontade popular. Eu fiz isso no dia em que perdi a eleição. A bancada do PCdoB não tem a posição radical como o PSOL, porque somos mediadores, mas não vamos calar”, disse. E reafirmou as veias ideológicas para sublinhar o campo político dos comunistas. “Somos oposição de esquerda. Não mudamos cara, nem símbolo ou ideologia. Quem não entende assim, não carrega a foice e o martelo. Nós somos o Partido Comunista do Brasil. Não vamos dizer que tudo que o prefeito faz é errado. Quem tem conturbado as relações não somos nós”, defendeu.
Rachel Duarte
Fonte: Sul21

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