O Brasil vive um momento singular também para a sua juventude. O momento é marcado pelo bônus demográfico, quando temos a maior População Economicamente Ativa (e a mais jovem) de nossa História. São cerca de 52 milhões de jovens entre 15 e 29 anos, mais de 50% da PEA. Isso torna incontornável ao desafio do desenvolvimento abrir à juventude um horizonte de direitos, considerá-la protagonista desse momento.
O movimento sindical classista busca qualificar e disputar o modelo do desenvolvimento, através da valorização do trabalho, o que pode integrar a nova geração em uma trajetória de direitos e oportunidades, numa curva de elevação de salários, de formação profissional, de fortalecimento do mercado interno, de incorporação de valor e tecnologia à produção, com a afirmação do Brasil, uma integração de novo tipo na América Latina e o crescimento das relações Sul-Sul.
Esse desafio é imenso. A oportunidade do bônus demográfico é transitória. Doravante, nosso crescimento vegetativo levará ao envelhecimento da população, que trará em si a qualidade de vida que pôde construir nesses anos que vivemos. Os piores indicadores sociais afligem a juventude atual, que sofre ainda os prejuízos de mais de 20 anos de crise e recessão, agravados pelo neoliberalismo. Esse déficit social não foi equacionado, e mesmo com os avanços, muito houve de lentidão e de concessões feitas pelo projeto mudancista iniciado por Lula. Elas tiveram seu impacto na inclusão juvenil, porque o ritmo do crescimento econômico e da produção, os empregos, os direitos, tudo é condicionado à correlação de forças dessa época de hegemonia do capital financeiro, aprofundada pelo neoliberalismo, que ainda não foi vencido.
A juventude e o Brasil não podem mais esperar
Deixar a juventude envelhecer desempregada, nas prisões, sem saúde, sem cultura, sem escola, que é o que o neoliberalismo nos impõe, é sobretudo uma decisão política, que nos legaria um futuro de privações, tristezas e submissão. Só uma política estratégica, com recursos, pode enfrentar o desafio da juventude e do desenvolvimento. Duas coisas interessam à juventude: ter prioridade para o desenvolvimento nacional, o que torna inescapável a necessidade de derrotar o capital financeiro que parasita a Nação, cobrando preço altíssimo exatamente à juventude.
Há quase uma década da primeira eleição de Lula, quais as políticas públicas que de fato mudaram a vida dos jovens brasileiros? Destacam-se as que lhes apontam o caminho da escola e do trabalho qualificado e com direitos, abrindo caminho à emancipação, que se efetiva com a incorporação a uma vida adulta plena. As iniciativas mais consistentes são políticas como a reserva de vagas, as cotas, o Bolsa Família (graças à obrigatoriedade de frequência escolar), o PROUNI, o REUNI e o PROJOVEM – com seu êxito a depender da incorporação dos jovens em situação de vulnerabilidade à escola e ao trabalho. E daí advém as expectativas positivas a respeito do PRONATEC, que propõe educação profissional para 8 milhões de brasileiros(as).
Os rentistas atrasam o Brasil
Os limites de tais políticas foram claramente influenciados pela capacidade de investimento do Estado Brasileiro, submetido ao constrangimento do rentismo, que impõe uma política monetária que onera a produção e o consumo. Em 2010, ela nos custou a bagatela de 44,93% do Orçamento da União, conforme ilustrou a revista Le Monde Diplomatique Brasil, em junho, que nos traz o interessante gráfico a seguir. Importante recordar que Tiradentes lutava contra o quinto que pagávamos a Portugal, que era 20% do ouro, e por isso foi esquartejado, teve seu corpo exposto à fome dos urubus, teve sua casa demolida e salgada, para que nada nascesse em seu solo. Ainda hoje é assim, vejam só!
Esses 635 bilhões de reais foram para os rentistas, os banqueiros, o capital financeiro, sangrando a produção, a educação, a saúde, os trabalhadores e o povo. O que se fez, e muito se fez, foi apesar disso, e não graças ao suposto rigor fiscal, como apregoa a imprensa golpista, o capital financeiro e seus sócios. Por isso é tão importante defender as mudanças na política econômica, enfim iniciadas após as manifestações de estudantes e trabalhadores do campo e da cidade realizadas em agosto, em especial as sucessivas reduções da taxa SELIC - que remunera os títulos da dívida pública, encarece o crédito e a produção. É preciso tornar sem retorno tais mudanças, conformando um novo pacto nacional que valorize a produção, o trabalho, o investimento produtivo e a mudança da face do país, no contexto do Pré-Sal, dos grandes eventos esportivos e da retomada do crescimento econômico, e apesar da crise. Em um contexto desses os jovens serão a mola, e não o calcanhar de Aquiles do desenvolvimento.
Por Paulo Vinícius, sociólogo e bancário, Secretário Nacional de Juventude Trabalhadora da CTB
O movimento sindical classista busca qualificar e disputar o modelo do desenvolvimento, através da valorização do trabalho, o que pode integrar a nova geração em uma trajetória de direitos e oportunidades, numa curva de elevação de salários, de formação profissional, de fortalecimento do mercado interno, de incorporação de valor e tecnologia à produção, com a afirmação do Brasil, uma integração de novo tipo na América Latina e o crescimento das relações Sul-Sul.
Esse desafio é imenso. A oportunidade do bônus demográfico é transitória. Doravante, nosso crescimento vegetativo levará ao envelhecimento da população, que trará em si a qualidade de vida que pôde construir nesses anos que vivemos. Os piores indicadores sociais afligem a juventude atual, que sofre ainda os prejuízos de mais de 20 anos de crise e recessão, agravados pelo neoliberalismo. Esse déficit social não foi equacionado, e mesmo com os avanços, muito houve de lentidão e de concessões feitas pelo projeto mudancista iniciado por Lula. Elas tiveram seu impacto na inclusão juvenil, porque o ritmo do crescimento econômico e da produção, os empregos, os direitos, tudo é condicionado à correlação de forças dessa época de hegemonia do capital financeiro, aprofundada pelo neoliberalismo, que ainda não foi vencido.
A juventude e o Brasil não podem mais esperar
Deixar a juventude envelhecer desempregada, nas prisões, sem saúde, sem cultura, sem escola, que é o que o neoliberalismo nos impõe, é sobretudo uma decisão política, que nos legaria um futuro de privações, tristezas e submissão. Só uma política estratégica, com recursos, pode enfrentar o desafio da juventude e do desenvolvimento. Duas coisas interessam à juventude: ter prioridade para o desenvolvimento nacional, o que torna inescapável a necessidade de derrotar o capital financeiro que parasita a Nação, cobrando preço altíssimo exatamente à juventude.
Há quase uma década da primeira eleição de Lula, quais as políticas públicas que de fato mudaram a vida dos jovens brasileiros? Destacam-se as que lhes apontam o caminho da escola e do trabalho qualificado e com direitos, abrindo caminho à emancipação, que se efetiva com a incorporação a uma vida adulta plena. As iniciativas mais consistentes são políticas como a reserva de vagas, as cotas, o Bolsa Família (graças à obrigatoriedade de frequência escolar), o PROUNI, o REUNI e o PROJOVEM – com seu êxito a depender da incorporação dos jovens em situação de vulnerabilidade à escola e ao trabalho. E daí advém as expectativas positivas a respeito do PRONATEC, que propõe educação profissional para 8 milhões de brasileiros(as).
Os rentistas atrasam o Brasil
Os limites de tais políticas foram claramente influenciados pela capacidade de investimento do Estado Brasileiro, submetido ao constrangimento do rentismo, que impõe uma política monetária que onera a produção e o consumo. Em 2010, ela nos custou a bagatela de 44,93% do Orçamento da União, conforme ilustrou a revista Le Monde Diplomatique Brasil, em junho, que nos traz o interessante gráfico a seguir. Importante recordar que Tiradentes lutava contra o quinto que pagávamos a Portugal, que era 20% do ouro, e por isso foi esquartejado, teve seu corpo exposto à fome dos urubus, teve sua casa demolida e salgada, para que nada nascesse em seu solo. Ainda hoje é assim, vejam só!
Esses 635 bilhões de reais foram para os rentistas, os banqueiros, o capital financeiro, sangrando a produção, a educação, a saúde, os trabalhadores e o povo. O que se fez, e muito se fez, foi apesar disso, e não graças ao suposto rigor fiscal, como apregoa a imprensa golpista, o capital financeiro e seus sócios. Por isso é tão importante defender as mudanças na política econômica, enfim iniciadas após as manifestações de estudantes e trabalhadores do campo e da cidade realizadas em agosto, em especial as sucessivas reduções da taxa SELIC - que remunera os títulos da dívida pública, encarece o crédito e a produção. É preciso tornar sem retorno tais mudanças, conformando um novo pacto nacional que valorize a produção, o trabalho, o investimento produtivo e a mudança da face do país, no contexto do Pré-Sal, dos grandes eventos esportivos e da retomada do crescimento econômico, e apesar da crise. Em um contexto desses os jovens serão a mola, e não o calcanhar de Aquiles do desenvolvimento.
Por Paulo Vinícius, sociólogo e bancário, Secretário Nacional de Juventude Trabalhadora da CTB
PV, parabéns pelo excelente artigo! Tocaste no centro do debate. A disputa ideológica que estamos travando com o PIG é pela identificação do verdadeiro ralo por onde escoa a riqueza do povo brasileiro. A mídia diz que é a corrupção. Nós dizemos que é o rentismo. Estimativas de um estudo da FIESP afirmam que a corrupção custa para o Brasil entre R$41,5 e R$ 69,1 bilhões. Como vemos pela tabela exposta no teu artigo, os juros, amortizações e refinanciamento da dívida custam R$635 bilhões. Lembrando que o orçamento do Ministério da Educação é apenas R$30 bilhões, temos noção do tamanho da facada no erário que os rentistas impõem ao povo brasileiro. São os banqueiros os verdadeiros vampiros com os dentes bem cravados na garganta da Nação, impedindo que ela crie oportunidades ao seu povo. O neoliberalismo é morte. Morte do povo brasileiro sem oportunidade. A luta pelo desenvolvimento é a luta pela vida próspera de uma Nação livre das amarras da exploração.
ResponderExcluirIgor Corrêa Pereira
Porto Alegre - RS