Entre os dias 13 e 17 de julho, em Goiânia, o Brasil viverá o 52º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), momento em que estudantes de todos os lugares do país se encontrarão para debater as grandes questões que envolvem a educação e o Brasil e elegerão, além da nova diretoria da UNE, as principais bandeiras de luta dos estudantes universitários.
(José Guerra e Maria Paixão - Claudio Lins e Graziella Schmitt em "Amor e Revolução)
UNE nasceu em 1937 e completará, em 2011, 74 anos de história. É uma entidade com a cara do Brasil, composta por uma gama de opiniões e forças políticas, mais diversificada do ponto de vista de organizações que nela participam do que o próprio Congresso Nacional. Sua marca permeia algumas das principais conquistas do povo brasileiro, como a destacada participação na luta O Petróleo É Nosso, no movimento das Diretas Já, dos caras-pintadas pelo impeachment de Collor e no combate à Ditadura Militar. A novela “Amor e Revolução”, do SBT, faz uma justa homenagem à história e protagonismo da UNE.
Sob o governo de FHC, a entidade manteve sua coerência combatendo a privatização, a interferência do capital externo e as políticas sociais e educacionais que excluíram a grande parte da população brasileira e que aprofundaram as desigualdades do país. Nesse período, a União Nacional dos Estudantes se destacou organizando greves nas universidades e mobilizando de milhares de estudantes por todo o Brasil contra o sucateamento da universidade pública.
A força democrática da UNE deu o tom no plebiscito nacional que realizou, em 2002, entre os estudantes brasileiros, que decidiram pelo apoio da entidade à candidatura de Lula e do projeto representado por si. Com a vitória do candidato apoiado pelos estudantes, a UNE conservou sua independência debatendo e mobilizando a sociedade brasileira para sua proposta de Reforma Universitária e defendendo o fim de sistemas obtusos herdados por FHC, como o Provão.
No último mês de março, a entidade promoveu intensas Jornadas de Lutas por todo o Brasil na defesa de um financiamento de qualidade para a educação. É imperativo, para a UNE, alcançar os 10% do PIB para a educação e a incorporação da proposta de 50% dos recursos do Fundo Social do Pré-Sal no PNE (Plano Nacional de Educação), instrumento que norteará a educação pelos próximos 10 anos.
Esse resumo sobre a história da União Nacional dos Estudantes serve como uma pequena demonstração sobre o significado do seu Congresso Nacional. Nos próximos meses, milhares de estudantes serão eleitos por outros milhões de estudantes em processos eleitorais significativamente plurais e participativos. Estudantes que se organizam em movimentos culturais, centros acadêmicos, que curtem balada, que participam de movimento anti-racismo, de mulheres,contra a homofobia, enfim, na UNE se encontram todas as tribos e convicções.
(Atentando ao prédio da UNE no Rio de Janeiro, que foi retratado em "Amor e Revolução")
O maior movimento de estudantes para o maior evento de estudantes
Nós, do movimento Transformar o Sonho em Realidade, apostamos na força e no potencial mobilizador dos estudantes brasileiros para enfrentarmos a intensa luta de opiniões que está sendo travada no Brasil ao longo deste ano, polarizando interesses contraditórios em que de um lado estão os que saíram derrotados nas urnas em 2010 e que tentam impor sua agenda de corte de investimentos e ajustes fiscais e, do outro lado, estamos nós, que ao lado dos movimentos sociais vencemos o discurso hipócrita e antinacional da candidatura tucana e ajudamos a eleger Dilma para aprofundar as transformações iniciadas por Lula.
Com o lançamento do processo de mobilização do Congresso da UNE, é chegada a hora de transformar o processo congressual em uma aula de democracia, debatendo com os estudantes os problemas do ensino superior brasileiro e transformando esse momento em lutas e bandeiras concretas para transformarmos essa realidade.
A nossa responsabilidade, embora em outras condições históricas, não é diferente da geração de “Amor e Revolução”, que contagiou o país para enfrentar a tirania de uma ditadura. Nós podemos ser a geração que acreditou e ousou no desafio de fazer do Brasil um país com mais democracia, soberania e justiça social, com oportunidades para todo o povo. Este é o nosso sonho.
Por Ramos Alves, publicado originalmente em vermelho.org
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