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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Rafael Beck é o novo presidente da UENH


Cerca de 300 estudantes participaram do 18° Congresso da União dos Estudantes de Novo Hamburgo (UENH), realizado quarta-feira passada (30/11) no Espaço Cultural Albano Hartz. Os estudantes debateram a reforma do Ensino Médio proposta pelo governo do Rio Grande do Sul e elegeram a chapa "Tenho Algo a Dizer" para dirigir a entidade no ano de 2012, tendo a frente o estudante do Curso Técnico Tradutor e Interprete, Rafael Beck.


Rafael terá a missão de dirigir uma das maiores entidades estudantis gaúchas em um ano de grandes desafios, entre eles o debate a respeito das escolas politécnicas, apresentado pelo Governo do estado. Para Rafael, o momento precisa ser de muito diálogo "queremos participar e ajudar construir nossa nova escola, mas não podemos negar o grande avanço que a proposta representa", afirma. Além disso, a nova gestão já esteve a frente da mobilização do 39° Congresso da UBES e levará uma grande bancada ao movimento #OcupeBrasília que reivindica 10% do PIB para a educação e a aprovação do Estatuto da Juventude.

Conheça o novo presidente da UENH

Rafa, como é chamado, começou a militar há pouco tempo, em 2010, quando ainda atuava na Escola Wolfram Metzler e foi eleito 1° secretário da UENH. Mais tarde mudou para o Colégio Vila Becker, onde estuda a então presidenta da entidade, Laura Sicheski, ingressou no Grêmio Estudantil e esteve à frente de grandes mobilizações contra a falta de professores.

É usuário ativo das redes sociais e mantém uma conta no twitter que utiliza para dialogar com os estudantes. Ouve bastante reggae, mas tem preferência pelo samba-rap de Marcelo D2. Seu envolvimento político fez com que ingressasse na direção executiva da UJS de Novo Hamburgo e no Comitê Municipal do PCdoB.

O estudante de 18 anos estará ao lado de outros nomes importantes para a cidade e o país que também estiveram na presidência da entidade, como Carla Santos, que presidiu a UENH no final da década de 1990 e foi eleita presidente da UBES. O chefe de gabinete da Deputada Federal Manuela d'Ávila, Ivandro Morbach e a estudante Ana Lúcia Velho, atual vice-presidente sul da UNE são outros nomes que também passaram pela presidência da UENH.

Leia a carta aprovada pelos estudantes no 18° Congresso da UENH

TEMOS ALGO A DIZER SOBRE A EDUCAÇÃO

Somos milhares de estudantes de diferentes escolas e de toda a cidade. Carregamos em nosso peito uma certeza: as reais transformações do Brasil começam pela educação! O Brasil tem mudado, descobrimos uma nova riqueza natural, que é o Pré-Sal, sediaremos a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Tem gente pobre entrando na universidade através do ProUni, que já levou quase um milhão de jovens de baixa renda às Instituições de Ensino Superior, e houve ainda a expansão da rede de universidades federais. Além disso, têm crescido as oportunidades de emprego, mas há uma coisa que não está combinando com este novo Brasil: A ESCOLA.

Acreditamos que a escola não mudou e que falta muito para alcançarmos um ensino de qualidade e que tenha a ver com a realidade da juventude brasileira. O primeiro passo para mudar a escola brasileira é aumentar os investimentos! Países muito mais pobres do que o nosso, como a Bolívia, investem 6,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em educação, e o Brasil investe apenas 4,7%. Acreditamos que para alcançar de forma plena a qualidade que desejamos para a escola é fundamental o investimento de 10% do PIB para a educação e para isso acontecer, entendemos que o caminho seja a redução de juros e o investimento de 50% do Fundo Social do Pré-Sal para a educação.

Outro aspecto importante é a atual falta de identidade do Ensino Médio, levando em conta que ele não tem servido para garantir o acesso à universidade (considerando o fenômeno dos cursinhos pré-vestibulares), não serve para preparar ao mercado de trabalho e não serve, também, para acúmulo de conhecimento necessário à formação de cidadãos. Para a UENH, essa debilidade do ensino médio é consequencia da ausência de qualidade da escola pública de nosso país, acentuada em nosso estado.

Por isso, queremos um novo Ensino Médio, em que as escolas possuam infraestrutura arrojada e que em todas existam quadras, laboratórios, bibliotecas, lousas digitais e um computador por aluno. Queremos também a valorização dos professores, que tenham acesso à formação continuada e aumento em suas remunerações, respeitando imediatamente o Piso Nacional da categoria.

Para este novo Ensino Médio que queremos construir, sabemos que precisaremos mudar o currículo. Queremos novos conteúdos que preparem o jovem para o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, para a formação cidadã e para o mundo do trabalho com o desenvolvimento de novas tecnologias. Para tanto, consideramos que o ideal seja um currículo nacional comum, mas com características regionais: diversificado e em parte eletivo, portanto com flexibilização curricular.

Consideramos que para o Ensino Médio corresponder às expectativas dos brasileiros, ele deverá estar sintonizado com o trabalho. Acreditamos que no currículo obrigatório deva ter uma disciplina teórica de iniciação ao mundo do trabalho e uma disciplina prática, que ensine alguns ofícios, o que não concorreria com o ensino técnico profissionalizante. Além disso, propomos a inclusão de novos conteúdos, como cultura, desporto, artes, integração social e novas tecnologias. Para isso, os Grêmios Estudantis precisam participar da elaboração dos planos políticos pedagógicos de cada escola e propomos a instituição de congressos escolares para discutir a flexibilização curricular.

Queremos estudar, mas também queremos trabalhar desde cedo! A escola precisa dar resposta a este anseio da juventude e esta necessidade do crescimento de nosso país. Assim, entendemos que continuar aumentando os investimentos no ensino técnico profissionalizante faz parte da mudança de qualidade que o Ensino Médio precisa. Por isso, defendemos a abertura de milhares de novas vagas para o ensino técnico, valorização e mais investimentos para a Fundação Liberato, hoje a maior escola do estado, ensino técnico na Escola Alberto Pasqualini e criação de restaurantes estudantis em toda a rede de educação profissional. Nos preocupamos também, com o fato de que, no Rio Grande do Sul, quase a totalidade do ensino técnico público seja de cursos de contabilidade. Queremos que os cursos técnicos respeitem a realidade dos municípios e respeito àqueles já existentes, como o Curso Normal e Tradutor e Interprete, ambos do Colégio 25 de Julho.

E é por tudo isso, que vemos na iniciativa da Secretaria Estadual de Educação de propor uma reforma no Ensino Médio gaúcho, uma ponta de esperança para reverter a herança maldita de nossa educação, mas exigimos mais diálogo e respeito aos diferentes posicionamentos, assim como queremos que os professores estejam abertos ao debate. Queremos mudar a realidade da escola brasileira, mas isso só acontecerá com a participação dos pais, professores, intelectuais, trabalhadores e de todos os estudantes, pois só assim mudaremos a educação básica em nosso país. Desejamos que isso sirva para virar a página da intolerância e que coloque mais racionalidade em todos os debates de interesse público em nosso Rio Grande.

Sabemos também que qualidade para poucos é segregação. Por isso queremos a criação de políticas que auxiliem os estudantes de baixa renda a permanecer nos bancos escolares. A criação de um plano municipal de transporte estudantil com passagem integrada, meio-passe e passe livre para estudantes carentes é imperativa! Outra questão importante é a urgência na aprovação do Estatuto da Juventude, que garante a meia-entrada e o meio-passe, pois a mobilidade urbana e o acesso à cultura são partes integrantes no que diz respeito à nossa educação.

Queremos uma política de combate ao preconceito em todos os níveis dentro de nossas escolas, fortalecendo-as como espaço de construção do cidadão e não como um lugar que inspira o medo. É evidente que uma escola de qualidade e democrática não permite nenhum tipo de violência e discriminação. A escola que queremos construir tem espaço para a diversidade da juventude. Somos totalmente contra a homofobia, o machismo e o racismo e acreditamos que a escola precisa ser munida de mecanismos que combatam todas as formas de preconceito.

E é para construir essa nova escola, que hastearemos bem alto nossas bandeiras, apresentaremos nosso projeto para toda a cidade e convocamos uma grande jornada de lutas, que invada e ocupe todas as salas de aula, escolas e ruas de Novo Hamburgo. O movimento estudantil em nosso município está vivo e representa os sonhos dos jovens hamburguenses.



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