Faltam algumas horas pra abertura da Copa do Mundo. Um dos maiores eventos mundiais. E, dessa vez, ele será na nossa casa! No Brasil: o país do futebol. A ansiedade começa a bater. A expectativa é grande. Mas, ao menos pra mim, não foi sempre desse jeito. Apesar de jogar futebol desde pequena e ser apaixonada por este esporte, o Brasil não me empolgava tanto quanto o meu time, o Inter. E isso aqui pelo sul é bem comum. Temos essa cultura separatista, e alguns continuam achando que são superiores ao resto do Brasil. Não sabem de nada, inocentes!
Minha paixão pelo Brasil e sua diversidade infinita foi à primeira vista. Na minha primeira Bienal da UNE, em 2009, na cidade de Salvador. Havia conhecido a UJS em 2008 e o pessoal me convidou a participar de um evento estudantil e cultural, que aconteceria em janeiro. Adorei de cara. Não conhecia muita coisa fora da República Rio-Grandense. Fomos de ônibus. A viagem demorou 3 dias e meio. Mas chegando lá achei tudo incrível e todas as dificuldades de infra-estrutura eram superadas pelo meu encantamento: gente de todo canto, um sotaque mais esquisito que o outro e muita cultura. Além disso, a UJS (Da Unidade Vai Nascer a Novidade) falava de questões nacionais: os desafios da ampliação do acesso à universidade e a necessidade de termos mais investimento em educação. Já em 2009, lembro da bandeira dos 10% do PIB pra educação.
Conhecer toda aquela gente, tão diferente, mas que compartilhava de dificuldades tão semelhantes, me fez me apaixonar pelo meu país. Saí do meu pequeno mundo da UFRGS e passei a pensar em como solucionar os problemas do Brasil. A ver as coisas de uma forma mais otimista, a forma que a UJS acabava de mostrar: com alegria, irreverência, mas com muita garra e propostas concretas. Sempre desconfiei do povo “do contra”, daqueles que acham que nada presta no Brasil. Ao conhecer a UJS posso dizer que de fato comecei a conhecer o Brasil. Me tornei mais brasileira.
Poderiam questionar: “mas como ter orgulho de um país com tantos problemas? Como aceitar a realização da Copa se temos tantas outras questões a resolver?”. E respondo: como não ter orgulho dessa gente batalhadora, guerreira, que ao mesmo tempo é criativa e acolhedora?! Um país, que além de lindo, é abundante em matérias-primas e recursos energéticos. Que tem tudo pra dar certo, e ele vai dar certo. A Copa não criou os problemas que aí estão apenas os evidenciou. Remoções, violência policial, transporte público de má qualidade, entre outras coisas eram e continuam sendo desafios a serem superados. Por outro lado, é preciso enxergar a grande oportunidade que teremos com o mundial! Além do fator financeiro e do dinheiro injetado pelos turistas, há a divulgação cultural do país que não temos como calcular. Sem falar nas obras de infraestrutura que ficarão para a população depois do evento: aeroportos modernos, estádios confortáveis, obras de mobilidade urbana. E lembra dos 10% do PIB pra educação que debati pela primeira vez em 2009? Ele foi incluído esse ano, um pouco antes da Copa, no Plano Nacional de Educação. Um golaço dos brasileiros e brasileiras!
Por isso, discurso pessimista nenhum vai tirar a alegria de torcer pelo meu país! Dentro e fora de campo continuaremos fazendo bonito. Sigamos marcando gols: rumo ao hexa e a um Brasil de todos e todas.
*Luiza Bezerra é integrante do coletivo de jovens trabalhadores da UJS/RS e membro da direção estadual da entidade.